domingo, 4 de setembro de 2011

Saturno

Dou-te o meu beijo,
Dás-me fome, dás-me peste negra,
Mascas-me a lua,
E arruinas-me a noite aberta
Qual cirugia
Cujo ponto é feito a linha de chumbo
P'ra me matares com veneno lento.

Estripas estrelas e arremessas os seus restos ao Mundo,
Até sobrarem pedras, fogo e vento.

Meu doce pó,
Minha canção de caos e entropia,
Meu astro negro
Que cintila ao tom da ironia.
Ai que me gozas de alto e longe nesse gesto maldito!
Que me enrijeces o âmago soturno.

Faz-me sentir que sou um louco animal erudito
A ruminar nos anéis de Saturno.