sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Fado em contra-luz

Se me pedires porventura,
Num momento de ternura
Um olhar de doçura,
eu dou.

Se quiseres um encosto
Por um infeliz desgosto,
Não abandono o posto,
Lá estou.

Se quiseres o infinito,
Seja verdade ou mito,
Se o encontrar não hesito,
Eu to oferto.

Se achares que estou distante,
Como a um cego amante
Pede e num breve instante,
Estou perto.

Mas...

Se mandar o coração,
Que me apertes a mão
Cedo à triste ilusão
Que seduz.

Ao fim do dia, em segredo,
Por saber que sofres medo,
Amo-te pelo avesso,
Em contra-luz.

1 comentário:

Unknown disse...

Gostei muito, gostei muito...
e visto que li algures que é um fado, pergunto: há melodia para acompanhar?
(para quando uma visita da cherry à lepidoptera...?:p)