Violinos...
Soam-me a cordas
As pequenas parcelas estéticas
Que outrora foram uma flor.
Flautas...
Soam-me a sopros,
Os bóreas delicodoces que as levam,
Carregando consigo o segredo de mais uma estação.
E quão harmonioso é o seu concerto!
Acordes claros, simétricos,
Trindades melancólicas em terceiras e quintas,
Em modo menor que à tristeza tanto permite,
Tão discretas como o som da neve ao cair,
Cada momento um pizzicatto perfeito,
Colocado no momento único a si,
Guiado pela matemática inerente do momento...
Sempre com resolução adequada.
Mas ao retomar do tema, o vento mudou.
Onde foi a dança de sensações feitas sons?
Onde está o melancólico modo menor
Que tanto me acariciou no momento fugaz
Da queda dos violinos?
Porque se inverteu o correr das estações
Fazendo a Primavera dar lugar ao Inverno,
E repousa a minha neve de acordes
Numa calada lagoa gelada?
1 comentário:
Que industrioso e sublime concerto de palavras, meu caro! Mais uma cereja para o topo do bolo.
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