quarta-feira, 4 de junho de 2008

Alucinogénia

Pardais voam sobre a ponte
O vento é fresco, sopro boreal,
Pequeno momento divino
Que reforça o mundo real.

Abaixo, os carros passam
Destemida força humana
Que espirra foligem e fogo
Sobre esta estrada mundana.

Observo as árvores no passeio
em filamentos ordeiros e belos
Que em vagos e breves momentos
Se transformam em cogumelos!

Esfrego os olhos na minha dúvida
De visões ter estado a ter!
Sobre a ponte e ao vento fresco
Ilusões estão a aparecer!

Por baixo de mim surgem,
Na rua movimentada,
Núvens que em vez de fumo
São imaginação alada.

Os carros agora bixos
Andam sobre várias patas
Quais animais desconhecidos
Ou centopeias encarnadas.

Dos seus escapes saltam bolas,
Esferas, estrelas e outros mais,
Ao invés das tais emissões
Consideradas fatais.

Esfrego os olhos novamente
Tentando afastar minha loucura,
Chegando à triste conclusão:
Foi um sol de pouca dura.

As árvores feitas cogumelos
Dançavam ao longo da avenida,
Saltitando e correndo
De forma muito pouco contida.

Um tic-tac familiar
Atacou o meu ouvido cansado.
Os pardais que acima voavam
Eram um artifício mecanizado.

As pessoas que passavam,
Atarefadas como sempre,
Tinham enormes laços vermelhos
atados sobre o ventre.

Eram pequenas quais petizes
De corpo azul e gelatinoso,
Como um andante pudim
De um aroma delicioso.

O bater da chapa na estrada,
O rombar dos dançantes cogumelos,
As andantes sobremesas
E os alados relógios amarelos!

Num instante as núvens,
Do alto do rosa céu,
Despejaram rebuçados
Num açucarado véu.

A ponte que me suspendia,
Ao invés de frio cimento,
Era agora feita de flores
Que dançavam com o vento.

Os prédios altos e imponentes,
De aspecto ainda enorme,
Eram gigantes balões de hélio,
De estranha forma disforme.

Sem aviso passou por mim
Um bando de seres apressados!
Pensando eu que eram pombas,
Eram no fim sapos alados.

Deixei-me invadir por este mundo,
Já que não podia fazer nada.
Deslocando-me até casa
Acabei no meio da parada.

Dois garfos me acompanharam,
Seguidos de um computador.
Atrás vinham vinte cigarros
E um carapau pescador.

Após chegar a casa,
Melhor dizendo, ao meu balão,
Limpei o suor da cara
E subi na bola de sabão.

Chegado ao meu fiel encosto,
Ainda com a mente feita serva,
Deitei-me e pensei com firmeza:
...
Nunca mais eu fumo erva!

1 comentário:

DeeDee disse...

OMG.. I found your page just googling, and cliked the translate this page link..

WOW.. do that and then read the english.. wierd..

But it's good you won't ever again smoke grass! :P