domingo, 8 de novembro de 2009

Dançando com o Diabo

Efémera silhueta de chamas,
Tentação e razão da mente que terá sido una.
É ambíguo o passo lânguido da devassa figura,
Sendo ela não mais que um reflexo do ego
Que ondula ao sabor de não se sabe bem o quê.

Sucumbo aos seus prazeres.
E para quê?

Para me envolver nesta arte de primatas,
Este gerúndio sem fim que me apela à prevaricação.
Para ser castrada a liberdade com rasgados sorrisos
Que apenas tal figura onírica me poderia ofertar.

Ah, amistoso espectro da maldade mais inocente!
E pensar que me tentas, por místicos meios falíveis,
A cheirar também eu ao enxofre do teu reino sem súbditos.
E tudo por uma dança de bailarico,
Um teatro que não o era,
Uma sentida e pura vontade que não alcançará jamais a luz do dia...
Por um desejo ilegítimo morto à nascença.

Mas por fim voam centelhas ao pisar dos seus cascos!
E cospem-se labaredas, e vociferam-se impropérios em vil devaneio!
Solta-se a derradeira nota, cessa-se o passo,
Pois não mais a banda toca em honra de sua majestade infernal,
Fora a própria que por fim apelara ao silêncio.
Cai por terra a folia agora sem regras
Que, em tom passado, se ensinaram e aprenderam.


Não mais sucumbo a tomar a mão da discórdia
E renego a adulteração do ego que manifesto.
Não mais danço com a flamejante figura
Pois este Diabo tem pés de chumbo.